O tempo correu, do casamento jĂĄ havia se passado quase um mĂȘs, estavam vivendo bem, a barriga jĂĄ podia ser notada levemente e dali duas semanas estavam com o ultrassom morfolĂłgico marcado, para descobrirem o sexo do bebĂȘ e finalmente, começar a montar o quartinho e comprar o enxoval.
Era quinta feira, eles tinham jantando comida chinesa, ela teve um desejo, assistiram alguns episódios de uma série e dormiram.
Por volta das 2 hora da manhã ela acordou sentindo que as coxas estavam molhadas e grudentas, acendeu o abajur e notou que o lençol parecia manchado e molhado por algo escuro, chamou Gregory e ele se acordou.
- Oi? O que foi? – disse sonolento.
- Eu acho que estou com algum tipo de... – e uma dor lancinante a fez perder o ar abafando um grito.
Ele saltou da cama e acendeu a luz, se deparando com ela deitada sobre uma poça de sangue.
- Amor! Tente ficar o mais calma possĂvel! – Ele disse tentando transparecer segurança a ela. SĂł que as dores começaram a vir em ondas absurdas, e ela mal conseguia pensar com clareza.
Em poucos minutos ele estava colocando a camisa a ajudando ela a colocar um roupĂŁo por cima da camisola manchada e chamando uma ambulĂąncia que rapidamente chegou.
Camilly foi levada ao hospital, entrou para atendimento imediato e ele nĂŁo saiu um segundo de perto dela, a hora seguinte foi um pesadelo. O mĂ©dico fez um ultrassom e nĂŁo encontrou mais o coração do bebĂȘ, ambos choraram copiosamente sentindo a dor de perder seu filho ali naquela mesa fria, logo apĂłs um mĂȘs de casamento tranquilo. Pediram que ele fosse cuidar da documentação da internação dela, enquanto lhe faziam a curetagem do feto.
Quando ela acordou jĂĄ no quarto ele estava ao seu lado segurando sua mĂŁo. Ali ela sentiu a maior dor daquela noite, ele parecia tĂŁo arrasado quanto ela, e alĂ©m de perder o bebĂȘ ela estava sentindo que logo perderia o marido tambĂ©m, aquele homem bom com o qual viveu 2 maravilhosos meses, sendo tratada como uma rainha, recebendo todo tipo de mimos e carinhos. Aquele homem, seu professor havia lhe salvado da humilhação de ser mĂŁe solteira, estava ali com ela, mas em breve nĂŁo estaria mais, sĂł agora olhando pra ele Ă© que ela percebia o quanto estava apaixonada por ele, sem poder se conter deixou que as lĂĄgrimas rolassem.
- Ah meu amor... VocĂȘ acordou? Como se sente? – A voz dele era tĂŁo impressionantemente doce que ela começou a chorar ainda mais. – Ah meu anjo... – Ele sentou na cama e a puxou delicadamente para seus braços e ali ela desabou, estava se sentindo vazia, como se alguma coisa houvesse sido tirada dela de forma brutal. Se sentia madura como nunca antes e aquilo a assustava muito. Ela o sentia acariciando seu cabelo delicadamente, nunca tinha sentido ele tĂŁo prĂłximo, tĂŁo emotivo, ele estava sentindo tanto a perda quanto ela.
Naquela noite, ela ficou em observação e a tarde no dia seguinte recebeu alta. Ele pegou um taxi e a levou para casa, por volta das 18h ela notou que estava ainda deitado com ela na cama, aconchegada em seu peito.
- Greg? Hoje Ă© sexta, vocĂȘ tem aula.
- Jå liguei para o coordenador e expliquei a situação, hoje não vou, pedi para dispensar a turma, vou repor a aula posteriormente.
- Poderia ter mandado um trabalho para ser feito em sala.
- NĂŁo, vocĂȘ ficaria prejudicada amor, melhor dispensar, nem as faltas vocĂȘ terĂĄ. – Ele lhe deu um beijo na tĂȘmpora.
- Greg... como vamos ficar agora?
- Como assim? – Ele parecia confuso.
- VocĂȘ sabe, o casamento... era pelo bebĂȘ e... bem... ele se foi... - sentiu as lĂĄgrimas encherem seus olhos novamente.
- NĂŁo acho que esse Ă© um bom momento pra falarmos disso, as ultimas 24h foram conturbadas, nĂŁo temos que decidir nada agora. – ela sentiu um alĂvio tremendo.
*****
O tempo passou, Camilly estava bem, havia feito uma bateria de exames e tudo estava em ordem, a médica até lhe deu esperanças de que poderia engravidar novamente em breve. Naquela noite ela decidiu que tinham que conversar ou explodiria, vinha hå semanas tendo pesadelos em que o perdia e ficava arrasada, estava forte o bastante e pronta para o que decidissem.
Jantaram ela tomou um banho, enquanto ele terminava de corrigir algumas provas, assim que ele terminou ela tomou coragem e disse:
- Gregory, acho que jĂĄ podemos falar sobre as perspectivas nĂŁo acha?
- Se vocĂȘ quiser por mim tudo bem.
Ela se sentou na cabeceira cama e ele nos pés. Sempre conversavam na cama, era confortåvel e mais informal.
Ele tinha uma expressĂŁo grave e ela estava ansiosa, mas queria colocar tudo em pratos limpos, se ficassem juntos, dali pra frente seria tudo Ă s claras, ela diria tudo que sentia e teriam um casamento de verdade.
- EntĂŁo Greg? O que vamos fazer agora? Nos casamos porque eu estava grĂĄvida e vocĂȘ estava disposto a assumir a criança, mas agora esse motivo se foi e eu quero saber o que vamos fazer? Que histĂłria contaremos a todos quando nos separarmos? – A Ășltima palavra o atingiu como uma bofetada e ele ficou sem reação por alguns segundos. Ela estava pronta para a separação, ia perde-la!
- Quer se separar? – Foi o que conseguiu dizer.
Ela ficou surpresa com a pergunta. Não havia percebido que soara tão pessimista, sentiu uma ponta de arrependimento do modo como falou e a esperança ascendeu lå no fundo parcamente.
- VocĂȘ nĂŁo quer? – Ela perguntou.
- NĂŁo, se depender de mim, vamos ficar velhinhos juntos. – Ela ficou boquiaberta com a sinceridade dele. – Mas eu nĂŁo posso te obrigar, se vocĂȘ nĂŁo me quiser mais...
- NĂŁo quero me separar tambĂ©m, sĂł pensei que era isso que vocĂȘ queria. – Ela disse.
- Eu? NĂŁo! NĂŁo quer se separar? Por quĂȘ? – Ele perguntou finalmente sentindo a mesma parca esperança aparecer no Ăntimo.
- Sinceramente? Porque eu percebi que... – Ela engoliu seco, estava prestes a se expor, estava com medo, mas ela tinha que fazer isso, era necessĂĄrio para começarem dali a ser um casal de verdade. – percebi que nĂŁo queria ter aquele bebĂȘ. – Ele a olhou um pouco atordoado e ela resolveu que precisava continuar. – Pelo amor de Deus nĂŁo me julgue, eu amava ele, era meu filho estava crescendo dentro de mim, mas... VOCĂ nĂŁo merecia isso.
- Eu nĂŁo merecia ter um filho?
- NĂŁo Greg, vocĂȘ nĂŁo merecia ter um filho que nĂŁo era seu. VocĂȘ Ă© o homem mais incrĂvel desse mundo, me deu a mĂŁo na minha hora mais difĂcil, durante todo esse tempo me tratou como se eu fosse uma rainha, me presenteou com estabilidade, carinho, atenção e com respeito, me deu tudo, foi meu melhor amigo, chorou comigo naquela sala de ultrassom quando aquele coraçãozinho nĂŁo se manifestou! Deus, como um homem desses pode simplesmente criar um filho de um desgraçado que me estuprou! Ele me tocou com desdĂ©m, me embebedou e me tomou a força! Como vocĂȘ seria digno disso? VocĂȘ merece ser pai de verdade, ter um filho SEU, do seu sangue concebido com amor, com delicadeza, algo realmente seu, vocĂȘ merece toda a felicidade, o pacote completo, uma esposa completamente apaixonada por vocĂȘ, que carregue um fruto de amor de verdade vocĂȘ merece isso e naquele dia, quando eu acordei no quarto e vocĂȘ me abraçou com todo a sua ternura... Eu estava arrasada por dentro por ter perdido o meu bebĂȘ, mas eu estava mais arrasada ainda porque eu notei o quanto vocĂȘ era importante, acho que eu te enxerguei ali, tĂŁo frĂĄgil quanto eu e eu notei o quanto a sua dor me machucava tambĂ©m... – Ela o olhou e lĂĄgrimas estavam escorrendo dos olhos dele, sua expressĂŁo era um misto de surpresa e felicidade.
- Eu... Obrigada... Eu... – Ele nĂŁo conseguia falar direito, seu coração estava transbordando, ela se importava com ele, precisava dizer, precisava desabafar ou explodiria! – Eu te amo tanto Camilly... – Foi a vez dela ficar chocada ele decidiu que agora iria atĂ© o fim.
- Eu vi vocĂȘ hĂĄ pouco mais de um ano, vocĂȘ estava com seu all star, um jeans escuro e uma blusa vermelha, carregando os livros no corredor com o cabelo preso, era apenas mais uma aluna no meio de tantos na faculdade, mas alguma coisa me chamou a atenção e eu fiquei curioso. O tempo passou e eu via vocĂȘ sempre passando pelos corredores. Quando entrei na sala naquele primeiro dia do semestre eu vi vocĂȘ, sentada bem na frente e pensei que fosse um sonho, quando fiz a chamada e descobri seu nome, achei que combinava com vocĂȘ, era delicado como vocĂȘ, eu nĂŁo tinha a menor ideia de como, mas eu precisava te conhecer, o plano era esperar o semestre passar e tentar chegar mais perto, de repente te convidar pra sair, sei lĂĄ eu precisava ouvir a sua voz dizer meu nome e nĂŁo ficar me chamando de professor. Eu sei que pareço um maluco falando assim, eu nĂŁo queria ter um caso com uma aluna, queria conhecer essa mulher, de perto eu queria vocĂȘ na minha vida. Ai te encontrei chorando aquela noite, estava apavorada, e eu pensei que seria uma boa oportunidade, eu ia me casar com vocĂȘ e esperar que nunca precisasse te contar isso, porque eu sabia que vocĂȘ ia me achar repugnante, mas seria errado nĂŁo te dizer que eu te amo, que sou apaixonado por vocĂȘ hĂĄ muito tempo e que ter vocĂȘ aqui todos os dias Ă© maravilhoso! Desculpe...
- Desculpe por quĂȘ? Por salvar a minha vida? Por me mostrar que nem todos os homens sĂŁo iguais? Que ao contrĂĄrio daquele crĂĄpula vocĂȘ me tratou com tanto carinho? Se for por isso eu nĂŁo vou nunca desculpar vocĂȘ! – Ele sorriu.
- NĂŁo tem noção do quanto eu amo vocĂȘ... Quando soube do que ele tinha feito com vocĂȘ, nossa eu fiquei possesso, eu o odiei naquele momento, eu nĂŁo conseguia entender como um homem tem a chance de ter uma mulher como vocĂȘ nos braços a trata assim?
- VocĂȘ sempre foi tĂŁo gentil comigo... – disse ela.
- Eu tinha medo... Medo que vocĂȘ ficasse apavorada, medo que quando eu te tocasse isso te fizesse lembrar daquela noite horrĂvel.
- VocĂȘ nunca me fez lembrar, nem por um instante dele, eu sei que vocĂȘ nunca me tocaria daquele jeito, sempre delicado e carinhoso. Eu nĂŁo sei o que vocĂȘ viu em mim, o que te fez me querer, sou sĂł uma caipira, inexperiente. – ela baixou a cabeça. Ele segurou seu queixo e ergueu seu rosto para que ela o olhasse nos olhos.
- VocĂȘ Ă© uma mulher linda, apesar de jovem Ă© muito madura e isso torna vocĂȘ especial, eu te amo exatamente por vocĂȘ ser assim pura, delicada e experiĂȘncia se adquire meu anjo, tem mais a ver com o que sentimos juntos, o conjunto todo.
- Eu nĂŁo sou sensual, nem atraente e...
- Eu te quero quase o tempo todo, tem noção de como Ă© desejar algo que estĂĄ completamente ao seu alcance e nĂŁo poder ter? Essas semanas de “jejum” tem sido muito dolorosas, eu fico louco toda noite, em especial quando vocĂȘ se aconchega de conchinha em mim, Deus eu penso que vou enlouquecer de desejo.
- VocĂȘ me quer? Achei que estava se afastando porque nĂŁo havia mais gravidez!
- Que absurdo! Eu sĂł queria te dar um tempo, vocĂȘ tinha acabado de abortar, estava esperando que vocĂȘ demonstrasse que estava confortĂĄvel. Te quero muito, eu sou louco por vocĂȘ!
- Greg, acho que ainda nĂŁo disse, mas... Eu estou apaixonada por vocĂȘ. – Os olhos dele brilharam, ele se inclinou para a frente e encostou a testa na dela.
- EntĂŁo acho que Ă© uma boa hora pra eu perguntar... Quer ser minha mulher? Aqui, agora, nessa cama, nesse quarto, selar o nosso casamento, ser minha e me permitir ser seu. – ele se aproximou do ouvido dela e sussurrou. – Todo seu...
Ela sentiu o corpo todo se arrepiar, como um simples sussurro poderia deixar ela assim, com o corpo amolecido.
- Quero... – disse ela em um fio de voz, fazendo um esforço enorme para conseguir pronunciar essa simples palavra.
Ele entĂŁo eles se beijaram e seu casamento, de verdade começou ali, na noite incrĂvel que partilharam.
Quando terminaram, ele a puxou para si, ela se aconchegou no seu peito, e ele lhe fez cafuné.
- EntĂŁo meu amor? Pronta para assumir oficialmente que estamos casados e nos amamos? – Ele perguntou com um sorriso bobo de satisfação.
- Estou, vamos esperar um pouco mais e começar a tentar ter nosso filho, eu não vejo a hora de carregar um pedacinho seu e voltar a ver aquele brilho sonhador nos seus olhos.
- Eu estou tĂŁo feliz, sabia? Agora eu posso dizer que sou um homem realizado, conquistei a mulher que eu queria, tenho uma famĂlia, e uma vida pra compartilhar com o meu amor.
- As vezes acho que eu nĂŁo mereço vocĂȘ.
- NĂŁo sou tĂŁo bom assim sabia?
- Pra mim Ă©! O melhor!
- Obrigada meu anjo. Amo muito vocĂȘ, tanto que acho que nĂŁo cabe no peito.
- TambĂ©m te amo Greg, vocĂȘ me conquistou aos pouquinhos, devagar e quando eu me dei conta jĂĄ era tarde e eu estava completamente apaixonada.
Eles continuaram conversando por um longo tempo, abraçados e dividindo sonhos para o futuro.
Na manhã seguinte Gregory acordou e ao olhar para o lado foi tomado por uma euforia imensa ao ver Camilly abraçada ao lençol com o corpo quase todo a mostra. Sua esposa estava ali, deitada dormindo tranquilamente ao seu lado. Ela respirava devagar, com a boca entreaberta adormecida. Era tão linda...
*****
Aquela semana foi diferente, eles nĂŁo conseguiam se desgrudar, faltava pouco para o termino das aulas, e Gregory jĂĄ havia solicitado a sua demissĂŁo, iria dar aula em outra universidade para que nĂŁo fosse mal interpretado, a respeito de ser casado com uma aluna, logo eles nĂŁo precisavam mais ser cautelosos.
Camilly entrou na sala e sentou ao lado de Emily como sempre. Quando ele chegou ela sorriu pra ele e ele retribuiu. Ele começou a aula e ela simplesmente babava enquanto ele falava.
- Camilly, seja discreta, vocĂȘ estĂĄ dando muito na vista que estĂĄ babando pelo professor, ele Ă© casado mulher. Controle-se.
Camilly sorriu.
Naquela noite eles esperaram todos irem embora da sala para que pudessem ir para o carro de mĂŁos dadas.
Ele a encurralou na porta com os braços e lhe deu um beijo.
- Ah... eu nĂŁo ia conseguir esperar atĂ© chegar em casa – disse com a cabeça encostada na dela e um olhar apaixonado sorrindo.
- Professor? – Era Emily, ela havia visto eles se beijarem. – VocĂȘs estĂŁo tendo um caso?
- NĂŁo Emily, Greg Ă© meu marido. – disse Camilly.
- Oh! Agora entendo porque vocĂȘ fica com aquela cara de apaixonada na aula. – todos riram.
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