Era a primeira vez que eu ia explorar sozinho, a humana deixou a porta da varanda aberta e a grade estava sendo trocada naquela tarde, então quando o moço foi ao banheiro eu aproveitei a deixa e sai. Moramos no baixinho, mas já estou com a humana há 6 meses e não consegui dar uma volta ainda.
Então eu vi uma sacada aberta e resolvi investigar.
Me deparei com um apartamento muito parecido com o meu e o da humana, mas de repente surgiu um monstro!
Ele era grande e preto e eu juro pra você que eu pensei que ia ser devorado, dai eu subi o mais alto que pude, que era em cima da estante da TV e o monstro ficou lá embaixo me olhando com uma cara de idiota. Foi então que eu percebi que o monstro era um boboca completo.
- Ei você aí! - gritou o monstro. - Quem é você?
- Eu só estava de passagem, se prometer que não vai me devorar eu desço e vou embora, não quis incomodar não. - respondi.
- Devorar? Eu não vou te devorar, eu tenho a melhor ração que a mamãe me compra, eu não preciso devorar coelhinhos.
- Ei! Eu não sou um coelhinho! - disse indignado.
- Não? Mas parece com o coelhinho que aparecia na TV com ovos coloridos de xuculates que a mamãe disse que é veneno pra mim.
- O quê??? Você também não pode comer xuculates? A humana disse a mesma coisa pra mim.
- Ah então você não é mesmo um coelhinho, porque os coelhinhos vivem com xuculates e eles não ficam doentes...
- Você é um tipo diferente de gato?
- Talvez eu sou do tipo Labrador a mamãe falou pra tia Natalia quando fomos visitar ela.
- Você conhece a tia Natália? Ela é a minha doutora.
- É a minha doutora também.
- Odeio medir a temperatura! ( dissemos juntos ).
- A mamãe disse que tem muitos tipos de cachorro, grandes e pequenos e de todas as cores e uns que ela chama de vira latas que não são de um tipo sabe?
- Sei sim, eu sou um vira latas.
- Sério??? Eu nunca conheci um! Que legal!
- Eu nunca conheci um gato do tipo Labrador, todos são pretos como você?
- Não, a mamãe me disse que tem os caramelo e os castanhos, mas eu não conheço e ela disse que tem um outro tipo que chama Golden, que é igual os do tipo labrador, mas tem pelo longo. - Ele fez cara de confuso. - Será que se deixar meu pelo crescer eu vou me transformar em um Golden.
- Eu acho que não dá de mudar de tipo não.
- Ah! Que bom! Eu não quero mudar de tipo, essas coisas me deixam confuso...
Então do nada a porta abriu e entrou uma humana.
- Ah!!!! Que susto gatinho. Bóris! Você não assustou o gatinho né?
Ele abanou o rabo peludo e sorriu pra mim.
- Bom garoto. - disse a humana. - Vou largar a minha bolsa e já volto, comportem-se.
- Quem é a humana? - Perguntei curioso.
- É a mamãe! Ela é muito querida, vai gostar dela.
- Seu nome é Bóris?
- Sim!
- Ah eu sou o Magnus.
- Oi Magnus! A gente podia ser amigos né? Você podia morar aqui, eu deixo você ficar com um cantinho do sofá! - Ele parecia muito animado.
- Não, eu tenho que voltar para a casa da humana, eu sai rapidinho, mas a minha ração e a minha caminha ficam lá.
- Entendi... - Ele parecia chateado. - Mas você pode me visitar!
- Não sei... a humana fecha a varanda e não me deixa sair.
- E como você veio aqui?
- Eu fugi.
- Ahhh você é doido! Eu fugi uma vez da mamãe! Ela ficou triste e chorou e eu fiquei perdido, não sabia voltar pra casa, não fujo mais, tenho medo.
- Sério? Dá de se perder? E se a humana chorar? Eu não quero que a humana chore.
- Calma, a mamãe vai ajudar, ela é ótima.
Então a humana voltou.
- Oi gatinho, o que você está fazendo aqui? Está perdido? - Então Bóris fez um barulho estranho, tipo AUAUAU.
- Bóris! Para de latir, pode assustar o gatinho. - Ela chegou perto da estante. - Oi gatinho, venha cá, quero te ajudar, preciso olhar se você tem coleira, para que eu possa achar a sua casa.
Fiquei desconfiado, mas o Bóris disse que ela ia me ajudar, então tentei vencer o medo e deixei que ela me tocasse, ela apalpou o meu pescoço e achou o meu colar.
- Aqui está. - Ela olhou o meu colar, então pegou o aparelho de falar com os humanos de longe e apertou os botões, dai começou a falar de mim!
- Bóris, precisa me ajudar, ela deve estar chamando alguém e eu preciso ir pra casa!
- Calma, eu acho que ela está ligando para a sua mamãe.
- Quer dizer a minha humana?
- É, acho que sim, quando eu me perdi o humano que me achou fez isso e a mamãe foi me buscar.
- Ah... Entendi. Será que eu... posso descer?
- Claro!
- Você não vai mesmo me devorar né?
- Não! Eu já disse, você é meu amigo, não devoro os meus amigos, a mamãe diz que isso é errado.
- Ta bem então.
Então eu desci, e o Bóris lambeu a minha cara e eu fiquei todo babado.
- Puxa, eu estou todo melado de baba.
- Desculpe... A mamãe reclama disso as vezes...
- Tudo bem.
Eu nem tinha percebido que a humana tinha desligado o aparelho.
- Olha, você desceu e pelo que vejo, o Bóris já te deu as boas vindas. - ela afagou Bóris atras das orelhas. - Bom garoto, tem que ser legal com o gatinho. A mamãe dele vai vir buscar ele.
Houve um barulho na porta e a humana foi olhar.
- Ah oi! Você deve ser a tutora do Magnus.
- Sim!
Elas se cumprimentaram e eu e Bóris ficamos olhando as duas,sentados lado a lado.
- Ele está bem ali com o meu Bóris.
- Olha só, eles parecem ter se entendido tão bem. - disse a minha humana.
- Sim, o Bóris não tem muitos amigos. - Disse a mamãe do Bóris.- Se quiser pode trazer o Magnus aqui as vezes para brincar com o Bóris, podemos tomar um chá enquanto os meninos se divertem.
- Eeeee! A mamãe pediu para a sua mãe para deixar você me visitar.
- Legal! Podemos ser amigos se a humana deixar.
- Podemos!
- Ah, parece uma ideia legal, somos só eu e o Magnus, as vezes é solitário, seria legal ele ter um amigo.
- Isso, vou te deixar meu Whatsapp, dai podemos ir nos falando e marcar um dia para juntar eles.
- Ótimo!
Então a humana veio e me pegou no colo.
- Quer se despedir do Bóris?
Eu lambi o nariz dele.
- Você tem a linguinha áspera.
- Desculpe.
- Tudo bem! Eu gostei. - Ele colocou a língua para fora e abanou o rabo.
- Tchau Bóris.
- Tchau Magnus.
Então a humana me levou de volta para casa e desde então eu e a humana vamos na casa do Bóris e ele e a mamãe dele vem aqui. As vezes as humanas ficam fora e deixam a gente dormir na casa um do outro.
O Bóris é o meu melhor amigo e ele diz que eu sou o melhor amigo dele também.
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